quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Porquinho-da-Índia - Manuel Bandeira





Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...

- O meu porquinho da índia foi a minha primeira namorada.


Manuel Bandeira




terça-feira, 3 de maio de 2016

FÁBRICA DE POESIA (poemas de Roseana Murray )


Olá amiguinhos,

Hoje vou postar quatro poemas do livro FÁBRICA DE POESIA, da escritora Roseana Murray, este livro tem o Caó como ilustrador. 




Trata-se de uma obra encantadora onde estão reunidos poemas de diversos temas que tanto podem ser apreciados pelas crianças quanto por adultos. Eu adorei e recomendo!


  
TRANSFORMAÇÃO 

Fabrico uma árvore
com uma simples semente, 
terra escura e quieta,
umas gotas de água.

Pouco a pouco,
de lua em lua,
de folha em folha,
enquanto o tempo
desenha arabescos
em meu rosto,
minha árvore se transforma
em poema vivo,
suas letras são flores,
são frutos, são música.


ONDA

Entre uma onda e outra
o mar fabrica o silêncio.
O céu fabrica as estrelas e vento,
as nuvens fabricam chuva,
raios e tempestade.
A noite fabrica sonhos.
O sol fabrica o dia.

O amor fabrica a vida.





FÁBRICA DE POESIA

Para fabricar um poema
peça ajuda ao galo que mora
no quintal ao lado,
peça ajuda à lua cheia,
peça ajuda à chuva quando cai
no fim de uma tarde de verão.

Para fabricar um poema
tenha sempre à mão
uma noite escura,
um feixe de vagalumes
uma cesta de palavras.



SOBRE A AUTORA:


Roseana Murray é carioca, bacharel em Língua e Literatura Francesa e escreve histórias para crianças desde 1980. Apesar da sua obra ser classificada como infanto juvenil, ela acredita que seus livros são para pessoas de todas as idades. Já publicou mais de quarenta livros e recebeu prêmios pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

Quem quiser visitar o blog da Roseana, aqui está o link:

http://blogdaroseana.blogspot.com.br/
  

domingo, 3 de abril de 2016

A ARANHA (poesia e curiosidades)

Olá amigos!

Hoje vou postar um poema que escrevi sobre um bichinho muito trabalhador e que deixa algumas pessoas em pânico : a aranha. 




A ARANHA

Quantas pernas tem a aranha?
Quantos braços ela tem?
Para construir sua casa,
trabalha como ninguém...

Vive sozinha, coitada,
mas também quem se arrisca
a cair em sua teia
pra fazer-lhe uma visita?

(Andra Valladares)





VAMOS FALAR UM POUCO MAIS SOBRE AS ARANHAS? 

As aranhas são aracnídeos e não insetos. Vocês sabiam que existem cerca de 40.000 espécies de aranhas? 
Essas 40 000 espécies são divididas em mais de 100 famílias, sendo que cerca de 30 delas são consideradas perigosas para o homem. 
A variedade das aranhas vai do tamanho, hábitos, cores e formados, mas algumas características são padrões como os quatro pares de patas, a cabeça (cefalotórax), abdômen e de 2 a 8 olhos, havendo espécies cegas (cavernosas). Possuem presas que podem funcionar cruzando-se ou sendo injetadas na pele do homem e outros animais. 
Algumas são venenosas e outras podem simplesmente irritar a pele ao liberar seus minúsculos pelos. São bichos astutos e de movimentos rápidos, podendo ser encontrados em teias domésticas, terrenos abandonados, oco de árvores, cachos de plantas e até mesmo na água, pois esse animal apesar de possuir pulmões, consegue ficar sem respirar devido aos pulmões facultativos. 

Mesmo sendo a maioria das aranhas inofensivas, por via das dúvidas, é bom evitar o contato direto com elas, pois mesmo as que não são venenosas podem causar irritações na pele. 

CURIOSIDADES SOBRE ALGUMAS ESPÉCIES DE ARANHAS 

A  Theraphosa blondiconsiderada a maior aranha do mundo é conhecida popularmente como aranha-golias-comedora-de-pássaros, aranha-golias ou tarântula-golias (foto abaixo), essa espécie pode atingir o tamanho de 30 cm ou um pouco mais. 


Elas normalmente comem insetos como grilos, gafanhotos, baratas, mas podem comer pássaros, pequenos roedores, lagartos, sapos, algumas cobras e também têm comportamento canibalístico, podendo comer outras aranhas de sua espécie.

A aranha-golias atingir o tamanho de um cachorro pequeno, habita as regiões próximas ao Rio Amazonas na América do Sul. Apesar do tamanho assustador, elas não são venenosas.



Tarântulas ou caranguejeiras  são aranhas da família Theraphosidae que se caracterizam por terem patas longas com duas garras na ponta, e corpo revestido de pelos. As tarântulas habitam as regiões temperadas e tropicais das Américas, Ásia, África e Oriente Médio. Enquanto estão crescendo, têm uma fase de troca de pele chamada ecdise. Apesar do tamanho e aspecto sinistro, as tarântulas não são perigosas para a espécie humana, uma vez que não produzem toxinas nocivas aos seres humanos, por isso são eventualmente criadas como animais de estimação. Uma de suas defesas são os pelos urticantes de suas costas e abdômen, que irritam a pele do possível predador.



Conforme noticiado na Revista Galileu, essa bela aranha azul, conhecida como Tarântula Sazima, foi descoberta no Brasil no ano de 2012. Infelizmente, apesar do registro recente da sua existência,  ela já é considerada uma espécie ameaçada de extinção devido ao tráfico de animais que ocorre em larga escala no nosso país.



Essa aranha da foto ao lado é uma espécie bastante conhecida por ser muito venenosa. Outra curiosidade que deu origem ao seu nome, é o fato de que a fêmea mata o macho após o acasalamento. Por causa disso, essa espécie foi denominada Viúva Negra. No Brasil, é encontrada atualmente próxima ao mar, sobretudo em praias pouco frequentadas. É amplamente encontrada em torno da Baía de Guanabara. 




As aranhas-marrom (foto abaixo) são aracnídeos peçonhentos, conhecidas por sua picada necrosante, ou seja, seu veneno é tão forte que no lugar onde ela pica a pele apodrece. Essa é considerada uma das espécies de aranhas mais venenosas do mundo.
As aranhas-marrom têm um comprimento total de cerca de 3 a 4 cm e seis olhos na cor branca. Algumas apresentam o desenho de uma estrela na cabeça. Produzem teias irregulares, porque têm como característica a peregrinação noturna e a alta atividade no verão. 
Durante o dia permanecem escondidas sob cascas de árvores e folhas secas de palmeira - na natureza - ou atrás de móveis, em sótãos porões e garagens - no ambiente doméstico.
    
Phoneutria (do grego phoneútria, "assassina") é um gênero de aranhas conhecidas pelos nomes comuns de armadeiraaranha-macaco ou aranha-de-bananeira. O nome comum armadeira vem da sua atitude invariável de ataque, com as patas dianteiras erguidas.
Originárias da região sul-americana, com um corpo de 3,5 cm a 5 cm e pernas de até 17 cm de envergadura (fêmea). São altamente agressivas e peçonhentas, pois produzem um veneno cujo componente neurotóxico é muito potente. Frequentemente entram em habitações humanas à procura de alimento ou abrigo, escondendo-se em roupas e sapatos. Quando incomodadas, picam furiosamente diversas vezes, e centenas de acidentes envolvendo essas espécie são registrados anualmente: são responsáveis por aproximadamente 42% dos casos de picadas por aracnídeos notificados no Brasil. Sua picada é extremamente dolorosa.
É considerada a aranha mais peçonhenta do mundo, devido a potência do seu veneno. No Brasil, é a segunda aranha que mais causa acidentes, perdendo apenas para a aranha-marrom.


Fontes de pesquisa: BLOGODORIUM,  WIKIPEDIA, REVISTA GALILEU e BATANGA
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI325898-17770,00-ESPECIES+INCRIVEIS+DESCOBERTAS+EM.html

http://www.batanga.com.br/892/conheca-a-tarantula-golias-a-maior-aranha-do-mundo



sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A BAILARINA (Cecília Meireles)

Olá amiguinhos,

Eu e o meu amigo Allan Maykson musicamos o poema A BAILARINA de autoria da Cecília Meireles. Segue abaixo o link do vídeo no youtube para quem quiser ver o vídeo e conhecer a nossa versão musicada, clique aqui ou copie a cole o endereço abaixo no seu navegador. Modéstia à parte, eu achei linda. :) 



 


A Bailarina


Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças


Cecília Meireles







https://youtu.be/TxVsL97qx3g

sábado, 17 de outubro de 2015

CHAPEUZINHO AMARELO ( Chico Buarque )



CHAPEUZINHO AMARELO


Era a Chapeuzinho Amarelo,
amarelada de medo,
tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho.

Já não ria.
Em festa, não aparecia.
Não subia escada, nem descia.
Não estava resfriada, mas tossia.
Ouvia conto de fada, e estremecia.
Não brincava mais de nada, 
nem de amarelinha.

Tinha medo de trovão.
Minhoca, pra ela, era cobra.
E nunca apanhava sol, 
porque tinha medo da sombra.
Não ia pra fora pra não se sujar.
Não tomava sopa pra não ensopar.
Não tomava banho pra não descolar.
Não falava nada pra não engasgar.
Não ficava em pé com medo de cair.
Então vivia parada, deitada, mas sem dormir,
com medo de pesadelo.

Era a Chapeuzinho Amarelo…

E de todos os medos que tinha
o medo mais que medonho 
era o medo do tal do LOBO.
Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe,
do outro lado da montanha,
num buraco da Alemanha,
cheio de teia de aranha,
numa terra tão estranha,
que vai ver que o tal do LOBO
nem existia.

Mesmo assim a Chapeuzinho
tinha cada vez mais medo do medo do medo
do medo de um dia encontrar um LOBO
Um LOBO que não existia.

E Chapeuzinho amarelo,
de tanto pensar no LOBO,
de tanto sonhar com o LOBO,
de tanto esperar o LOBO,
um dia topou com ele
que era assim:
carão de LOBO,
olhão de LOBO,
jeitão de LOBO,
e principalmente um bocão
tão grande que era capaz de comer duas avós,
um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz…
e um chapéu de sobremesa.

Mas o engraçado é que,
assim que encontrou o LOBO,
a Chapeuzinho Amarelo
foi perdendo aquele medo:
o medo do medo do medo do medo 
que tinha do LOBO.
foi ficando só com um pouco de medo daquele lobo.
Depois acabou o medo e ela ficou só com o lobo.

O lobo ficou chateado de ver aquela menina
olhando pra cara dele,
só que sem o medo dele.
Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo,
porque um lobo, tirado o medo, 
é um arremedo de lobo.
É feito um lobo sem pelo.
Um lobo pelado.

O lobo ficou chateado.
Ele gritou: sou um LOBO!
Mas a Chapeuzinho, nada.
E ele gritou: EU SOU UM LOBO!!!
E a Chapeuzinho deu risada.
E ele berrou: EU SOU UM LOBO!!!!!!!!!!
Chapeuzinho, já meio enjoada,
com vontade de brincar de outra coisa.
Ele então gritou bem forte 
aquele seu nome de LOBO
umas vinte e cinco vezes,
que era pro medo ir voltando e a menininha saber 
com quem não estava falando:

LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO 
BO LO BO LO BO LO BO LO

Aí, Chapeuzinho encheu e disse:
“Pára assim! Agora! Já! Do jeito que você tá!”
E o lobo parado assim, do jeito que o lobo estava,
já não era mais um LO-BO.
Era um BO-LO.

Um bolo de lobo fofo, tremendo que nem pudim,
com medo de Chapeuzim.
Com medo de ser comido, com vela e tudo, inteirim.

Chapeuzinho não comeu aquele bolo de lobo,
porque sempre preferiu de chocolate.
Aliás, ela agora come de tudo, 
menos sola de sapato.
Não tem mais medo de chuva, 
nem foge de carrapato.

Cai, levanta, se machuca, vai à praia, 
entra no mato,
Trepa em árvore, rouba fruta, 
depois joga amarelinha,
com o primo da vizinha, 
com a filha do jornaleiro,
com a sobrinha da madrinha
e o neto do sapateiro.

Mesmo quando está sozinha, 
inventa uma brincadeira.
E transforma em companheiro 
cada medo que ela tinha:

O raio virou orrái;
barata é tabará;
a bruxa virou xabru;
e o diabo é bodiá.

FIM

( Ah, outros companheiros da Chapeuzinho Amarelo:
o Gãodra, a Jacoru,
o Barãotu, o Pão Bichôpa…
e todos os trosmons).


Chico Buarque



Francisco Buarque de Hollanda, mais conhecido por Chico Buarque (Rio de Janeiro, 19 de junho de 1944), é um músico, dramaturgo e escritor brasileiro. É conhecido por ser um dos maiores nomes da música popular brasileira (MPB). Sua discografia conta com aproximadamente oitenta discos, entre eles discos-solo, em parceria com outros músicos e compactos.


Chico Buarque recebendo o prêmio de melhor livro na 5º edição do prêmio BRAVO! Prime de Cultura em 2009

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chico_Buarque_no_BRAVO.jpg#/media/File:Chico_Buarque_no_BRAVO.jpg

segunda-feira, 6 de abril de 2015

A CIDADE QUE EU VISITEI (Jovany Sales Rey)

Olá amigos, 

Hoje vou postar o poema escrito pelo meu amigo Jovany. Esse  trabalho foi publicado no Caderno Literário do Diário Oficial no ano de 1965, quando o Jovany tinha apenas 10 anos de idade. Legal, né?

O poema fala sobre uma cidade de fantasia, muito especial. Com certeza, vocês irão gostar! 



Jovany e eu, no dia do lançamento do seu livro mais novo.
"O DONATÁRIO"


A CIDADE QUE EU VISITEI


Os olhos cerro bem fundos
no meu quentinho leito
e sonho com outros mundos
onde passeio satisfeito.

Inda ontem era uma aranha

e entrei em uma cidade,
mas que cidade estranha
pena não ser de verdade!

Com casas de feijão

escorria feito enxurrada
nas ruas de requeijão
um monte de feijoada.

Um chafariz de pamonha

vertia carreiras de mel,
muito vinho Borgonha
champanhe e moscatel.

Um empadão descoberto

do jardim era canteiro
e por flores tinha, esperto,
recheios de frango inteiro.

Só haviam na escolinha

cartilhas de beiju
carteiras de farinha
mesas de milho cru.

Os seus muitos habitantes

cada homem e sua dona
eram todos de barbantes
com cabeça de azeitona.

O prefeito, esse era

sorvetão desse tamanho
e assim (também pudera)
derretia ao tomar banho!

O soldado de polícia

ao preso vivia grudado.
Sua algema, que delícia,
era toda de melado.

O doutor só receitava

bala chita e de hortelã.
A doença desbotava
deixando a pessoa sã.

Em vez de injeção

o dentista, tão bonzinho,
para tirar infecção
dava suco em canudinho.

De chocolate, o trenzinho

apitava na estação,
pedindo leite quentinho
para dobrar o fumação.

E olha só que confusão:

seu padre um tomatão,
um tomatinho o sacristão
de ketchup a procissão.

E todo o povo era ricaço,

pois para ninguém ser avarento
havendo tanto ar no espaço
o dinheiro era... de vento!


Jovany Sales Rey